Analistas descrevem a previsão do mês de abril como “um mês cruel” para a empresa americana Boeing. Com suas principais fábricas fechadas desde o início do mês e sem previsão de reabrir por causa da pandemia do novo coronavírus, a empresa ainda encara a complexa recertificação de segurança do 737 MAX, que se encontra há mais de um ano aterrado no mundo todo.
Com essa incerteza sobre o retorno do 737 MAX aos céus e suas linhas de montagem paralisadas, o montante de dívidas da Boeing vem acumulando de forma drástica. O ano passado foi encerrado com um prejuízo de US$ 27 bilhões e devido à pandemia o esse número só aumenta.
A Boeing Commercial Airplanes, divisão de aviação comercial da empresa, está gastando US$ 4 bilhões por mês para manter sua própria operação. Esse custo mensal é quase o mesmo valor negociado para a Boeing assumir 80% do controle da EMBRAER Aviação Comercial (US$ 4,2 bilhões).
Mesmo diante da crise e do momento delicado, as empresas não dão sinais de adiar ou desistir desse acordo.
Com esse acúmulo de problemas e despesas, a dívida da Boeing pode dobrar até o final deste ano. Principalmente se o 737 MAX não voltar a ser utilizado. A pandemia do COVID-19 também está prejudicando o desenvolvimento de novos projetos como o 777X e os MAX 7 e MAX 10, previstos para os próximos anos.
Problemas demais, dinheiro de menos
No mês de março, a fabricante norte-americana pediu ao Congresso dos EUA uma ajuda financeira de pelo menos US$ 60 bilhões em garantias de empréstimos. Tanto para sí, quanto para outras fabricantes aeroespaciais do país.
De acordo com o diretor financeiro da Boeing, Greg Smith, a empresa possui atualmente US$ 15 bilhões em reservas e uma linha de crédito de US$ 9,6 bilhões. A empresa não tem muitas opções para sobreviver, segundo Dhierin Bechai, consultor de investimentos do Seeking Alpha. Bechai afirma também que a Boeing pode se sustentar por alguns meses, mas que se isso durar até o final de 2020 será insustentável.
Segundo analistas da Jefferies, entregas de aeronaves podem cair 70% neste ano, em relação ao ano anterior. A empresa de consultoria ainda aponta que a linha de montagem do 777X deve concluir apenas 1 (um) exemplar por mês, enquanto o previsto eram 3 (três) exemplares mensais.
A Boeing encontra-se enfrentando seu pior momento em mais de 100 anos. Essa difícil fase pela qual a empresa vem passando pode inclusive deixar marcas duradouras em suas finanças.
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