Nesta terça-feira, 14 de janeiro de 2020, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras anunciou a assinatura de um acordo de oferta vinculante para adquirir a empresa aérea regional TwoFlex, pelo valor de R$123 milhões.

Azul anuncia compra da companhia  aérea regional TWO FLEX.

 

 A TwoFlex oferece serviço regular de passageiros e cargas para 39 destinos no Brasil, com horários diários de partidas e chegadas na pista auxiliar de Congonhas (principal terminal doméstico do Brasil). A composição de sua frota é feita por 17 aeronaves Cessna Caravan próprias, com turboélice regional monomotor com capacidades para 9 passageiros.

 A Azul tem liderado o desenvolvimento da aviação regional no Brasil pelos últimos 10 anos, com atendimento a mais de 100 destinos domésticos e trazendo novos serviços para mais de 50.

 De acordo com John Rodgerson, CEO da Azul, “o objetivo é continuar levando serviço aéreo para novas e diversas partes do Brasil”, acrescentando que as aeronaves Cessna Caravan “serão a maneira mais adequada para alcançar cidades e comunidades menores”.

 “A operação de carga da TwoFlex também será uma adição estratégica à Azul Cargo Express, pois poderá levar carga para cidades hoje não atendidas”, completa o executivo.

 A oferta permanece sujeita a condições como a conclusão de auditoria, negociação de um contrato de compra e venda e aprovações regulatórias.

 

Outras fusões consolidadas

 Centenas de fusões ou aquisições de companhias aéreas aconteceram nos séculos 20 e 21. No entanto, diferente do que ocorria quando as consolidações eram motivadas pela vontade das empresas crescerem e se tornarem mais fortes, nos últimos anos os acordos visam além de uma posição mais forte no mercado (assim como no caso da LAN/TAM), a eliminação da concorrência (como no exemplo da Azul/Trip e Gol/Webjet) e a própria sobrevivência.

 

Estados Unidos

 Nos Estados Unidos, a fusão mais recente foi a da American Airlines com a US Airways. A nova empresa manteve o nome da American Airlines (AA), e sua sede passou a ser em Dallas, no Texas. Com a fusão, a AA angariou um total de 94.000 empregados, 950 aviões e 6.500 voos diários, além de um total de vendas de quase US$ 39 bilhões.

 Em 2011, a American Airlines (que já havia adquirido a Trans World Airways – TWA em janeiro de 2001) ocupava o terceiro lugar no ranking mundial, enquanto a US Airways estava em oitavo. Várias grandes fusões foram feitas desde 2001, pois, segundo os executivos das companhias aéreas, diante do aumento dos custos de combustível e da perda de dezenas de bilhões de dólares na última década, a única maneira de sobreviver é a consolidação.

 No fim de setembro de 2010, a Southwest Airlines adquiriu a Air Trans Airways em uma negociação que fortaleceu as empresas do setor de baixo custo. Na época, as duas companhias atendiam 106 regiões nos Estados Unidos, México e Caribe, com 685 aeronaves Boeing e 43.000 funcionários.

 Em maio deste mesmo ano aconteceu a fusão da United com a Continental Airlines. A nova empresa passou a se chamar United, porém, com as cores e o logotipo da Continental. A United passou a servir 370 destinos em 59 países, com 700 aeronaves e quase 90.000 trabalhadores, transportando 145 milhões de passageiros por ano.

 Em 2008, a Northwest e a Delta Air Lines também passaram pelo processo de fusão, em uma transação que levou ao pagamento de cerca de US$3 bilhões em ação. Previa-se, na época, que a companhia conjunta teria receita anual de cerca de US$35 bilhões e aproximadamente 75.000 funcionários.

 

Europa

 Em abril de 2010, a British Airways e a Iberia assinaram o contrato definitivo para sua fusão. A British Airways e a Iberia continuaram a operar suas marcas originais, a exemplo da fusão entre Air France e KLM, em 2003, por meio da qual ambas companhias mantiveram separadamente suas frotas e redes, porém, pertenciam a uma mesma companhia, a Air France-KLM S.A.

 A Comissão Europeia autorizou, em setembro de 2009, a fusão do Austrian Airlines Group com a Lufthansa. Tanto a liberação antitruste, quanto a autorização da ajuda de custos de reestruturação da Austrian Airlines no valor de 500 milhões de euros foram concedidas visando a viabilidade econômica para a Lufthansa.

 

América Latina

 Em 2012, a chilena LAN e a brasileira TAM completaram seu processo de fusão. O acordo para a combinação das operações entre as duas maiores companhias aéreas da América do Sul foi desenhado de uma maneira a atender a legislação, que restringe a participação estrangeira no setor aéreo brasileiro.

 Fundadora da TAM, a família Amaro se mantém no controle da empresa holding TAM Empreendimentos e Participações, que é dona da empresa operacional TAM S/A. Assim, a operação respeita a restrição do Código Aéreo Nacional, que proíbe que os estrangeiros possuam mais de 20% de uma empresa aérea nacional.

 A estrutura societária da família Amaro, que detém os direitos sobre as rotas e os aviões (entre outros), foi mantida. No entanto, na prática, a transação representa uma compra da empresa brasileira pela companhia chilena, em uma operação avaliada em US$3,8 bilhões, que resultou na criação de uma nova companhia, chamada LATAM, que reúne as atividades das duas empresas.

 Em 2012 também teve aprovação a fusão entre a Azul e a Trip. O objetivo inicial era possuir uma frota composta exclusivamente de Embraer E-Jets e, para isso, foram encomendadas 76 aeronaves. Contudo, em 2009, devido à necessidade de atender cidades menores com voos de pequenas distâncias, foram encomendados também aviões turbo-hélice ATR-72.

 A Azul é detentora do título de empresa aérea que mais rapidamente chegou a 1 milhão de clientes transportados no mundo, com menos de 8 meses de operações. Mais um recorde alcançado pela Azul em 2009, foi transformar-se na primeira linha aéreas do mundo a transportar mais de 2 milhões de passageiros durante seu primeiro ano de operações. Foi também a primeira a atingir a marca de 5 milhões de passageiros em menos de dois anos, além de ser eleita, em 2009 e 2010, a empresa aérea mais pontual do Brasil.

 Ainda em 2012 foi aprovada a fusão entre a Gol e a Webjet, em uma negociação avaliada em US$96 milhões, onde foi decretado o fim da Webjet e a demissão de 850 funcionários. A operação low fare low cost, que permite uma operação a baixo custo, implantada pela Gol, acabou com a época de ouro da aviação brasileira. Apontada por muitos como uma das causas da falência da Varig e Vasp, a Gol comprou em 2007 a VRG Linhas Aéreas, também conhecida como “Nova Varig”, por cerca de US$320 milhões.

 

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