Limite é uma palavra que não existe no dicionário de Jessica Cox, primeira mulher sem os dois braços a pilotar um avião no mundo. Isso só reafirma quanto pessoas com deficiência tem capacidade de voar alto!

 

Entre as histórias surpreendentes na aviação não poderíamos deixar de fora a da Jessica Cox. Destemida, ela ganhou o título como a primeira mulher a pilotar um avião sem o uso de próteses. Realizou seu sonho de pilotar e deixou uma grande lição: o céu não é um limite para quem tem um sonho.

Infelizmente a legislação brasileira ainda apresenta algumas restrições para obter o Certificado de Capacidade Física (CCF) e o Certificado Médico Aeronáutico (CMA). No entanto, existem diversas movimentações em torno disso para trazer mais acessibilidade dentro das carreiras na aviação.

É importante mostrar histórias de superação e determinação como essas, pois são capazes de mudar o nosso olhar para nossas próprias atitudes. Quer saber mais? Leia a história da Jéssica Cox abaixo.

 

A primeira mulher sem braços a pilotar um avião

 

(foto: reprodução)

Jéssica Cox, poderia ter uma história de vida totalmente diferente mas ela resolveu ir por outro caminho. Aquele que nem sempre é o mais curto e o mais fácil. Nascida sem os dois braços, mas muita determinação para correr atrás da sua intuição, se tornou referência de superação para muitos aeronautas.

O sonho de pilotar um avião foi se tornar uma realidade após ela concluir a faculdade, em 2005, quando um piloto de caça propôs que ela voasse em um monomotor. Ela curtiu tanto a experiência que decidiu que aquela era sua vocação e que iria a partir dali se dedicar para tirar a licença.

A licença, ou brevê de piloto esportivo, foi conquistada em 2008. Segundo Jéssica a maior dificuldade foi encontrar um avião que ela pudesse pilotar com os pés, “Aviões não são projetados para serem pilotados com os pés. Eu voei em um Ercoupe, que é o único sem pedais no leme. Ele não é um avião que foi modificado por mim, ele não foi construído para mim”.

A condição de Jessica Cox não a impediu de conquistar sua faixa preta e sua licença de piloto. Quer saber o que motivou ela a seguir esse caminho? Leia a entrevista abaixo.

 

Entrevista com Jéssica Cox

 

Ser a primeira pessoa sem braços a pilotar um avião é bastante impressionante.

Se você me perguntasse sobre a obtenção de uma licença de piloto antes de 2005, eu diria que você estava louca. Depois de me formar na faculdade, um piloto de caça me perguntou se queria voar em um monomotor. Sempre tive um medo de estar em um avião, mas aceitei a oportunidade. Fiquei viciada e fiz um comentário sobre me tornar uma piloto. Queria motivar os outros a não deixarem o medo ficar no caminho das oportunidades.

De que exatamente você tinha medo?

Bem, era perder o contato com o solo, não a altura em si. Sempre fui destemida, eu gostava de escalar e olhar para baixo a partir de novas alturas. Mas talvez fosse a falta de controle.  Logo aprendi que, se você pode voar um avião com competência, você pode voar com segurança, mesmo se algo acontecer.

Em seu site está escrito: “Foram necessários três estados, quatro aviões, dois instrutores de voo e um ano desanimador para encontrar a aeronave certa”. Por que demorou tanto tempo até conseguir a licença em 2008?

Não só era um medo emocional, que não me parou, mas era mais um desafio logístico. Aviões não são projetados para serem pilotados com os pés. Eu voei em um Ercoupe, que é o único sem pedais no leme. Ele não é um avião que foi modificado por mim, ele não foi construído para mim. Eventualmente encontrei um Parrish Traweek com o qual treinei, pois  possuía seguro que permitia uso por estudantes.

Como é estar no ar?

Decolar não é nada assustador, mas aterrissar, sim. Quando está no ar, você sente aquela sensação de liberdade sem limites.

Você não é um caso de amputação, pois nasceu sem braços e sem explicação médica. Foi frustrante não ter nenhuma compreensão sobre seu corpo quando era mais jovem?

Me incomodou um pouco porque estava muito insistente em encontrar uma resposta. A maioria das crianças é curiosa sobre o que as torna como são. Fui até minha mãe e perguntei: “Por que sou diferente? Tem tantas pessoas ao meu redor com braços …” Pelo que vi, era a única que não tinha.

Foi um tempo especialmente difícil para a minha mãe. Meus pais não tinham ideia de que eu iria nascer com uma deficiência. Ela teve uma gravidez normal e estava animada que teria a primeira menina. Na maioria das vezes, é mais chocante para os pais do que a criança, porque ela não conhece nada diferente. Este é o meu normal e eu amadureci para aceitar a condição.

Você optou por alguma prótese?

Usei aos 11 anos. Elas se tornaram parte da minha rotina diária. Eu as colocava assim como vestia um casaco (ou equipamento de futebol) para ir à escola. Eu tinha muita paciência com elas e com a terapia, mas não gostava. Minha mãe sabia disso, mas ouviu do especialista que eu precisava delas durante o desenvolvimento. Os médicos diziam que se eu não aprendesse a usá-las enquanto  era mais jovem, não havia nenhuma chance de que seria capaz de usá-las na vida adulta. Eles tinham que ter certeza de eu teria esta opção. Veio o oitavo ano, aos 14, e eu me livrei delas.

Por que você decidiu finalmente abandoná-las?

É difícil explicar isso para alguém com braços, você não consegue imaginar algo diferente. Como nasci assim, pareceu mais natural fazer tudo com os pés. Além disso, não há nada como a sensação de sentir as coisas em carne e osso.  Senti-me muito estranha com as próteses. Você as coloca nos ombros e apoia com o peitoral. Elas são pesadas ​​e desconfortáveis. Se alguém lhe dá um abraço, você não quer perder o toque. Elas foram mais como uma gaiola para mim.

Assisti ao vídeo em que você toca piano, come com hashi, digita em um teclado, tudo com os pés. Como você treinou para fazer todas essas atividades consideradas “normais”?

Não vi isso como um treinamento, mas como adaptação, assim como uma criança de 3 anos de idade aprende as letras na pré-escola. Todo mundo aprende durante a infância na fase de desenvolvimento, e eu passei por todos os estágios normais. Houve um pouco de atraso para engatinhar e andar, porque a maioria das crianças usa os braços para se apoiar nos móveis e se levantar. Eu fiz terapia para aprender a andar e, provavelmente, comecei a andar de dois a três meses mais tarde do que as crianças em geral.

Fonte: Globo

 

O que te impede de ir atrás dos seus objetivos?

 

Nada impediu Jéssica Cox de seguir seu sonho de pilotar aviões, mesmo com sua condição desde o nascimento de não ter os dois braços. Muitas vezes nós arrumamos desculpas para não seguir nossa intuição e nossa vocação! Não é mesmo?

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