Quando se fala em sequestro de aeronaves, os atentados de 11 de setembro de 2001 são imediatamente lembrados como o pior caso da história. Com a chegada do 20º aniversário daquela terrível manhã nos Estados Unidos, outros casos devem ser lembrados para recordar que eles transformaram a aviação para sempre.
Um exemplo disso é segundo pior caso de sequestro de aeronave da história em números de vítimas, que ocorreu em 1985 com o voo 648 da EgyptAir. O avião foi tomado por terroristas que conduziram um massacre que terminou com 60 mortos.
Em 23 de novembro daquele ano, o Boeing 737-200 matrícula SU-AYH da companhia egípcia decolou às 20h de Atenas, na Grécia, em direção ao Cairo, no Egito. À bordo, estavam 92 passageiros e seis tripulantes. Cerca de 10 minutos depois da decolagem, três membros do grupo terrorista palestino Abu Nidal assumiram o controle do avião e começaram a dividir passageiros israelenses e americanos dos demais.
Os terroristas estavam armados com armas pesadas e granadas e obrigaram ao desvio do voo para a Líbia, no norte da África. Enquanto o sequestro estava em andamento, um dos passageiros, que era agente do Serviço de Segurança egípcio, reagiu ao ataque, tomou uma das armas e matou um dos bandidos. A reação gerou um tumulto a bordo que resultou na morte do homem e de dois comissários. A fuselagem também foi atingida com um tiro, o que causou despressurização da cabine.
O piloto Hani Galal desceu a aeronave a 14.000 pés (4.300 m) para permitir a respiração das pessoas a bordo em meio ao clima tenso. Foi necessário antecipar a viagem para um pouso de emergência na Ilha de Malta. No entanto, apesar da crise, o governo maltês não autorizou o pouso. Os sequestradores insistiram e forçaram o piloto a continuar a descida. As luzes da pista chegaram a ser apagadas para impedir a aterrissagem mas, habilmente, Galal conseguiu efetuar o pouso com segurança.
Resgate desastroso
Em solo, o governo maltês começou a negociar com os sequestradores, que ameaçavam matar uma pessoa a cada 15 minutos se a aeronave não fosse consertada e reabastecida. Infelizmente, os terroristas cumpriram a promessa e assassinaram cinco pessoas em menos de duas horas.
As mortes geraram uma reação agressiva. Uma força-tarefa egípcia, treinada nos EUA, atacou o avião. Uma série de explosões detonadas pelos soldados na tentativa de entrar na aeronave e desorientar os sequestradores causou um incêndio dentro do avião. Os terroristas ainda reagiram e um tiroteio terminou com a morte de dezenas de passageiros e do copiloto, além de um dos criminosos. O fogo e a fumaça do incêndio ampliaram a tragédia.
O único terrorista sobrevivente foi condenado a 25 anos de prisão. Cumpriu sete anos de cadeia no Egito, quando foi extraditado para os Estados Unidos, onde cumpre pena de prisão perpétua até hoje. Dos 98 passageiros e tripulantes a bordo, apenas 37 sobreviveram.
Mais tarde, em 1986, o grupo Abu Nidal também seria responsável outro sequestro famoso, o do voo 73 da Pan Am, que deixaria 21 mortos dentro de um Boeing 747 que voava entre a Índia e os Estados Unidos.